21 de jan. de 2012

Dádila Rodrigues- Entrevista com a Atleta Paraolímpica

Meus amigos, sempre falamos de motivação, procuramos sempre estarmos motivados, e vídeos de motivação é o que mais tem no You Tube. Eu também gosto de assistir os vídeos do Arnold, Jay Cutler, Phil Heath e etc, eles alimentam o desejo de alcançar meus objetivos, de vencer meus limites, de mostrar para mim mesmo que a cada dia eu posso ser melhor, e isto serve não apenas dentro da sala de treinos, mas sim para todos os momentos de nossa vida.
Agora querem saber o que me motiva mesmo??? É ver histórias de Superação como a desta menina que entrevistei e estou postando hoje. Histórias, de pessoas que realmente venceram limites, pessoas que passaram por grandes dificuldades, por provas que a vida colocou em seus caminhos, e ao invés de entregarem os pontos, jogarem a toalha, encontraram no meio de tanta dificuldade, força para serem até melhores do que teriam sido sem os problemas que a vida lhes apresentou. Estas pessoas sim, temos que nos espelhar, e tentar capitar um pouco ao menos, desta gana de viver, de se superar a cada dia, mesmo que para isto você tenha que se reinventar. Inspiração, estas são minhas verdadeiras fontes de Inspiração.
Daniel Eduardo Barbosa
Boa Leitura.
Dádila Rodrigues - Atleta de Halterofilismo Paraolímpico
Texto retirado do Blog da Atleta. Link



Mineirinha, natural de Monte Carmelo, baixinha, corajosa e persistente!
Até os 19 anos era uma pessoa comum, que morava em Uberlândia, interior de Minas Gerais e estava descobrindo o mundo. Mas sofri um acidente de trabalho que, com o tempo, foi se complicando e me trouxe uma série de problemas, um mais grave que o outro. Passei por um período muito difícil, tentando me adaptar a uma nova realidade que nunca havia pensado que pudesse acontecer comigo. MAS ACONTECEU. E por mais que isso me revoltasse, era algo que eu não poderia mudar.
Dei a volta por cima e hoje eu trabalho, faço faculdade de Gestão Financeira e sou Atleta deHalterofilismo Paraolímpico! Já bati 4 recordes Brasileiros na minha categoria, que é 56 KG e estou me preparando para me classificar para as paraolimpíadas de 2016.
Tive diversos motivos para ficar de mal com o mundo, mas eu DECIDI ser feliz. E, como disse no começo, sou persistente! E hoje sou muito feliz!
Os motivos para minhas conquistas foram: muita força, determinação e ajuda de amigos e pessoas do meu dia a dia, que sempre me incentivam a cada vez mais atingir meus sonhos.



FT - Dádila, além de ser atleta, você trabalha e estuda. Conte um pouco da sua rotina de vida.

Dádila –
Exatamente. Sou auxiliar administrativo em uma empresa multinacional há 3 anos e faço o curso Gestão Financeira à distância na Universidade Paulista UNIP. A escolha pelo curso à distância foi para conciliar os treinos de Halterofilismo com qualificação profissional na minha área de atuação. Acordo de segunda a sexta às 4:40h, chego no trabalho às 6:30h, após pegar três ônibus e já começo minhas atividades. Trabalho até às 16:40h e vou para a academia New Trainer, onde treino das 18:20h até às 20:00h. Chegando em casa, já começo minhas atividades na faculdade. Além disso, ainda faço curso de inglês, também à distância. A rotina é puxada, bastante cansativa, pois vou dormir todos os dias por volta das 23:00h e no dia seguinte, as 4:40h começa tudo outra vez.




FT - Dádila, como surgiu o Halterofilismo em sua vida?


Dádila - Várias pessoas me diziam que eu devia praticar algum esporte, para descarregar energia, pois sou muito agitada, elétrica mesmo! Tentei várias modalidades, mas não consegui me adaptar a nenhuma delas. Quando eu já havia desistido de tentar, encontrei um atleta halterofilista dentro do ônibus que eu sempre pego, e ele me convidou para fazer o teste e, quem sabe, fazer parte da equipe. Assim fiz a inscrição
no clube CDDU (Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia) e comecei a treinar. Após três meses malhando aconteceu a primeira etapa regional de halterofilismo paraolímpico, em Goiana/GO. Nesta primeira participação já conquistei meu primeiro recorde brasileiro em minha categoria, que é até 56KG. Fiquei empolgada com este resultado em tão pouco tempo, e passei a me desdobrar para conseguir treinar cada vez mais e melhorar minhas marcas. Nesta época, eu treinava sozinha em casa com duas garrafas pets cheias de areia e um garrote ( Borracha). Fazia fortalecimento de ombro e braço na minha própria cadeira de rodas, usava as subidas das ruas para fazer resistência e controle de respiração.



FT - Além do apoio de sua Família, você conta com apoio do Governo ou alguma Instituição?
Dádila - Há cerca de 6 meses conto com auxílio da Bolsa Atleta do governo de Minas Gerais, mas até então não tive nenhum tipo de incentivo. O apoio da família e amigos é essencial para ter forças para continuar com a luta, pois não é fácil. São as pessoas que passam na minha vida que me dão motivação para continuar firme. 




FT - Como é seu treino com Pesos? Tem algum profissional especializado junto com você?

Dádila - Conto com ajuda do dono da academia onde treino, Nilton Cesar, que me ajuda a montar a barra no supino reto e me acompanha na execução das séries. Além disso, conto com outros atletas de outras regiões que, por meio das redes sociais, sempre me ajudam a entender as séries e montar treinos, me tiram dúvidas e passam sugestões de treinos específicos na nossa modalidade. Recebo sempre boas dicas para

treinar com qualidade evitando lesões. Treino praticamente sozinha na academia. Tenho apoio somente no supino, as demais séries executo sozinha. O CDDU possui um profissional técnico, que treina o restante da equipe. Porém, devido à minha necessidade em trabalhar, nossos horários não coincidem. No horário de treino da Equipe da qual faço parte, eu estou trabalhando. O horário que tenho para treinar é à noite e não consigo participar das atividades da equipe com o técnico.




FT - Nesta última Paraolimpíada, nossos atletas se saíram muito bem, sendo os melhores em toda a competição. Qual o apoio que se pode esperar sendo um atleta paraolímpico do Governo? Você tem algum patrocínio?


Dádila - Foi mesmo um show dos nossos atletas paraolímpicos em Guadalajara. No Brasil, infelizmente, todos os atletas têm muita dificuldade para conseguir apoio. Quando se trata de para-atletas, é mais complicado ainda. O incentivo deveria ser maior, bem como o reconhecimento. Boa parte desses atletas conseguiram atingir bons resultados sozinhos, sem apoio do governo ou de qualquer outra instituição. Até mesmo a mídia faz pouca divulgação desses guerreiros. Apenas para citar um exemplo que vimos neste Pan: as competições foram transmitidas ao vivo, em tempo real. No ParaPan, a coisa foi diferente. Não houve transmissão 100% desses vencedores. Mas, isso com o tempo mudará, já está mudando, graças à nossa persistência para vencer e mostrar que nós também somos capazes de chegar ao mais alto ponto do pódio. Eu como Para-halterofilista não conto com nenhum patrocínio. Como disse, há 6 meses consegui o auxílio da Bolsa do Governo de Minas Gerais. Porém, a bolsa não é suficiente para custear material esportivo, academia, alimentação, suplementação e viagens para competições. 









FT - Dádila, 2011 foi muito bom para você, pois foram 4 Recordes Brasileiros que você quebrou em sua categoria. Conte  como foi este feito. E agora quais suas metas?



Dádila  - Na verdade, esses 4 recordes se dividem entre 2010 e 2011. Em 2010 tive meu primeiro recorde em Goiânia/GO com apenas três meses de treino. O segundo recorde foi Maringá/PR com 3 meses e meio de treino. Já em 2011, o terceiro recorde foi em Brasilia/DF, após com 1 ano e 2 meses de treino. O quarto recorde Brasileiro 
foi em Campinas/SP, nesta mesma época. Minha meta para 2012 é conseguir meu índice mínimo para sair das etapas regionais e conseguir disputar as nacionais e, claro, pleitear uma classificação para as paraolimpíadas de 2016.




FT - Creio eu, que graças a Deus a fase mais difícil em sua vida já passou, pelo que vi, sua vida se transformou após o acidente. Vejo algumas histórias quase iguais a sua, onde as pessoas relatam que se não tivessem, passado pelo problema talvez não teriam o destaque, ou a realização pessoal que tiveram após o acidente. Como você enxerga esta questão?

Dádila - Hoje eu costumo brincar e dizer que eu vejo a vida do lado debaixo, de uma forma e visão diferente. Não se anda apenas com as pernas. Eu ando com as mãos. Isso no começo não foi fácil, mas hoje me vejo e me sinto uma pessoa normal, como qualquer outra. Faço de tudo, pois aprendi a não me prender à minha deficiência. Nada me segura! Digo sempre que foi a deficiência que se prendeu a mim e não eu que vivo em função dela! A sequela do meu acidente não me priva de fazer nada que eu desejo. Tudo na vida tem o seu porque, nada acontece por acaso, Deus sabe o que faz. E se Ele colocou uma sequela na minha vida para que eu pudesse reaprender tudo que eu já sabia e fazia é porque ele tem um objetivo muito forte na minha vida. Futuramente tenho projetos de desenvolver um programa para integrar pessoas com deficiência ao mercado de trabalho e, claro, para a prática de esportes, junto com minha grande amiga Shirley Rizzi, que é quem cuida do meu blog. Pretendemos trabalhar com estas pessoas, para que não se prendam em suas deficiências, mas sim definir e buscar seus objetivos e se sentir auto suficiente para as conquistas. Todos somos capazes. Nenhum de nós sabe de sua real capacidade. Eu não sabia que tinha tanta força para conquistar tudo que tenho hoje e também não conheço meu limite. Vou me descobrindo a cada obstáculo que aparece. E coloco como meta superá-lo. O segredo que tenho para todas as minhas vitorias é sempre ter humildade, sempre valorizar as pessoas que me apoiam e saber sempre a filtrar as possibilidades. Busco sempre ver o lado positivo e transformar as críticas negativas em pontos de melhoria para o passo seguinte, usar um erro como exemplo para ser assertiva na próxima tentativa. Uma Grande amiga, Marcelena Silvério, sempre me faz lembrar que devo sempre querer as vitórias, mas sempre lembrando de onde vim e das pessoas que me possibilitaram as conquistas, nunca perdendo a minha humildade e, que não adianta eu ter a informação se eu não a repasso ao próximo. E tudo que tenho hoje e que se Deus quiser terei muito mais vitórias, pretendo repassar mostrando para as pessoas que tudo é possível independente da forma em que se vive.








FT - Alimentação, você segue uma alimentação regrada?


DádilaSim, para conseguir manter o peso na minha categoria sigo uma dieta volumétrica, um cardápio todo adaptado para mim, de acordo com minha necessidade. Tenho um belíssimo acompanhamento 100% da Nutricionista Alessandra Carneiro que está sempre orientando para que eu faça uso de todas as propriedades necessárias para uma ótima qualidade no meu metabolismo e para não ter ganho de peso, tendo
queima de gordura abdominal localizada. Alimentos saudáveis para ganho de massa magra e com fator de energia necessário para os treinos após toda minha rotina de trabalho até chegar ao local de treino. Um fator fundamental é minha contribuição e disciplina para me alimentar a cada 3 horas e a hidratação constante. Além disso tenho acompanhamento rígido em minha suplementação, para não fazer uso de substâncias impróprias, evitando qualquer possibilidade ou risco de dopping.


O Blog Força Total agradece a Atleta Dádila Rodrigues, pela entrevista e lição de vida que ela nos passou. Muito Obrigado,  o Blog sempre estará de portas abertas para você, estaremos torcendo para que em 2016 você consiga bater estes recordes lá nas Paraolimpíadas. 

Blog Força Total

3 comentários:

  1. Compartilhado e aprovado !!
    Com certeza ela ainda vai brilhar muito,e vai conseguir muitas medalhas, para a alegria do povo brasileiro!!
    Parabéns Força Total pela dedicação e prestígio aos atletas do nosso pais maravilhoso!!!

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  2. O que mais me chama a atenção é a disciplina e a dedicação.

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  3. Linda estoria de superação. Parabéns Dadila...

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